quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ao Presidente do Moto Club de Campos, Nélcio Nachtigall Mesquita

Nélcio Nachtigall Mesquita era um sulista orgulhoso de sua origem rio-grandense, que migrou para cidade de Campos dos Goytacazes por conta do trabalho na Petrobras. Aqui permaneceu estabelecendo residência, família, amigos e paixão pelo motociclismo. Ele integrou o Moto Club de Campos a partir de 2001 e sempre se destacou por sua personalidade forte, disciplinada, pró ativa e aguerrida com que encabeçou as atividades dentro da entidade.
A liderança do moto clube mais longevo do Brasil, sempre foi um desejo acalentado pelo Nélcio. Questões pessoais adiaram o projeto que somente em 2013 se tornou realidade com sua eleição para gestão 2013-2014.


Nélcio Nachtigall Mesquita nasceu em Novembro de 1946 e veio disposto a deixar sua marca na história do Moto Club de Campos. Considerado por muitos um exemplo de associado determinado e persistente para realização de desafios nesta octogenária associação de motociclistas. Era para todos também uma verdadeira referência de paixão pelo Club que o acolheu. Sonhava em concluir as obras de construção da nova edificação na sede do Moto Club de Campos, conforme já havia feito na primeira etapa de levantamento do bar e acomodações. Infelizmente a sua tão sonhada gestão de presidente foi ironicamente interrompida pelo choque com outro motociclista no transito cada vez mais caótico da cidade de Campos.
Nélcio exerceu na associação, além da atual liderança, diversos outros cargos, dentre os quais o de presidente do conselho deliberativo, tesoureiro e a vice-presidência.

Para os familiares e amigos fica, além da saudade, o grande exemplo de determinação e fé para realizar, superar e vencer desafios que a vida o apresentou.
Sentiremos muito a sua falta, mas ficamos felizes por você ter feito parte da nossa História.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Como foi a "Expedição 6 fronteiras" - Parte final

Na postagem anterior publicamos a primeira parte da narrativa de nosso querido amigo Dudu (Carlos Eduardo) sobre sua última aventura. Ele detalhou como foi a passagem pelas mais belas paisagens Peruanas, a formação de novas amizades de estradas e os imprevistos de um desafio como este.
Agora vamos acompanhar os quatro motociclistas do MOTO CLUB DE CAMPOS na última parte desta narrativa da expedição “Seis Fronteiras”. As fotos desta viagem podem ser acessam no nosso Facebook (clique aqui). Boa leitura:

“Para se chegar a Puno (Peru), pegamos mais subida e frio, e, por incrível que pareça, foi onde todos nós sentimos os efeitos da altitude. Chegando a Puno, nem descemos da moto e um guia local nos parou para vender um bilhete para a última saída do passeio pelo Titicaca daquele dia. Não pensamos duas vezes, guardamos nossas motos em um estacionamento e fomos todos de preto, cansados, direto para o Titicaca (entre Peru e Bolívia). Nessa altura, Cezar que ainda estava com o grupo, surge com vários sacos de pipoca, já que não achamos lugar na estrada para uma boa alimentação. Salvou-nos novamente.
Chegando do passeio o guia nos levou para um hotel e lá sentimos claramente os efeitos do dia puxado: cansaço e dor de cabeça. Tomamos um banho e saímos naquele frio para comermos algo e na saída o Cezar nos abordou dizendo que no dia seguinte não iria continuar a viagem com o grupo.  Uma pena, mas foi a melhor decisão. Nós estávamos sem garupa e ele ainda com a esposa, o ritmo era outro. Além de sua saúde merecer um ritmo menos agressivo. No outro dia pela manhã, visivelmente emocionado, nosso mais novo amigo de infância se despediu do grupo. Mas com a certeza de novos irmãos de estrada, uma amizade que será levada por toda nossa vida.
Deixamos o Titicaca e encaramos a estrada.  Altitude, frio, pedaços de gelo na pista e a notícia de que o caminho de Cuzco para Puno estava interditado.  Havia chovido bastante e parte da estrada foi destruída.  Assim como a estrada de Puerto Maldonado para Cuzco que passamos.......bom, ficou pra trás.


Fizemos aduana em Tacna (Peru) e fomos direto para Arica, no Chile.  Nos hospedamos e saímos logo pela manhã a procura de um novo pneu para a moto de Zé Amaro.  Na loja fomos informados que não tinha a medida do pneu. Mas eis que entra um mecânico no estabelecimento e diz que achava que tinha esse pneu em sua oficina.  Era de uma moto que tinha feito o Rali Dakar.  Com a confirmação, fomos até a oficina ver o pneu, que estava em bom estado e Zé e Sérgio saíram para trocar.  Na volta, o mecânico Igor, que também é apaixonado por motos, nos ofereceu um tour pela cidade.
Vejam só! Ele fechou sua oficina na hora do almoço e nos levou para conhecermos toda Arica.  Ele ficou cerca de duas horas e meia nos apresentando a cidade e deixou marcado para a noite uma volta e uns “traguitos”.  Para nossa surpresa, na hora combinada, Igor aparece com vários amigos de motocicleta no hotel, saímos todos juntos, fizemos um tour a noite e paramos em um bar onde comemos, bebemos, batemos um bom papo e na hora da conta, não nos deixaram pagar!  Troca de telefones, e-mail e saímos dali com vários amigos chilenos que nos receberam da melhor forma possível.  Como se estivéssemos em casa.  Obrigado Zé Amaro por proporcionar esse tour com a compra do pneu, kkkkk.
Obs.: o pneu custou 30% da conta do bar!


Dica: Em viagens neste período e nesta região tenham muito cuidado com gelo na pista, com animais soltos, com as pedras soltas e com a neblina.
Partimos para Iquique, ainda no Chile.  Lá se encontra uma zona franca.  Só que o padrão de vida do chileno é muito alto e mesmo na zona franca os preços não eram tão atraentes.  Aproveitei para comprar um pneu traseiro, pois o meu não agüentaria chegar ao Brasil.
Depois das compras pegamos as motos e fomos em direção a San Pedro do Atacama (Chile). Porém pela hora tivemos que dormir no caminho em uma cidade chamada Maria Helena.  Uma cidade que parece ser um dormitório para funcionários de uma indústria que se localiza perto.  Casas de madeira e ninguém nas ruas. Parecia até uma cidade fantasma.  Com custo achamos um local para dormir porque estávamos muito cansados.
No outro dia sem café da manhã (era pedir demais) saímos para o Atacama.  No caminho encontramos um brasileiro (o Daniel), que também estava em uma Suzuki V Strom, e havia parado na placa sinalizadora de San Pedro do Atacama para tirar fotos.  Conhecemos-nos e ele passou os três dias seguintes juntos com nosso grupo.
Em San Pedro do Atacama passamos por vários brasileiros de motocicleta, aliás, a partir deste trecho os motociclistas brasileiros, especialmente do sul do país, apareciam aos montes, talvez por ser um passeio mais curto.  Conhecemos o salar, vimos os flamingos, visitamos o vale da lua ou “valle da Luna” e por último os gêiseres, que foram uma atração a parte.  San Pedro do Atacama realmente possui várias belezas naturais, mas o que chamou atenção foram as regras duras quanto a proibição do consumo de bebida alcoólica na rua e os bares são obrigados a fechar as portas as 00h30minh.  Restaurante que só vende bebida se você consumir algo para comer. Para nós brasileiros isso tudo é muito estranho
Descansados e extasiados com Atacama, pegamos estrada em direção ao Paso de Jama onde faríamos aduana com a Argentina.  O Daniel resolveu sair mais cedo, e realmente ficamos enrolados na saída do hotel, mas para nossa surpresa ele ficou cerca de 2 horas na aduana esperando uma excursão inteira fazer a aduana, kkkk. Fizemos bem rápido.  Existia a expectativa de muito frio, mais altitude e a medida que os quilômetros iam passando, nos deparamos com um dia bom, sol brilhante e temperatura agradável.  Melhor assim!
Já em território argentino, nos deparamos com a beleza do salar Salinas Grandes, um verdadeiro espetáculo da natureza.  No caminho cruzamos com o rali mais famoso do mundo: Rali Dakar.  Estar ali naquele momento era presenciar algo tão grandioso que a energia nos era passada.


Neste dia paramos cedo em uma cidade argentina chamada General Guemes, pois no dia seguinte pegaríamos um trecho grande, com pouquíssimas opções de parada para dormir e com uma reta! Antes de sair aproveitei para trocar o pneu. O arame já estava à mostra e depois de tanta reta, enfim chegamos a cidade de Corrientes (Argentina), onde dormimos e nos preparamos para duas aduanas: Argentina – Paraguai e Paraguai – Brasil.
Passamos com tranqüilidade e chegamos relativamente cedo em Foz do Iguaçu.  Já estávamos em casa, no Brasil. Primeira coisa em território brasileiro: fazer uma boa alimentação!
Acordamos em Foz com um aniversariante.  Zé Amaro!  Procuramos uma concessionária para ajustes nas máquinas, Zé trocou pneu, ajustou a suspensão dianteira e trocou óleo, Gaúcho trocou pinhão e eu regulei farol e troquei óleo.  Enquanto as motos estavam no SPA, Sérgio e eu fomos apresentar as cataratas a Gaúcho e Zé.  Um espetáculo da natureza para o aniversariante do dia. Não poderia faltar o Chopp da noite!
Dia seguinte uma meta: passar de São Paulo, mas no caminho tive que parar em Maringá (Paraná) para trocar minha corrente, pois em Foz do Iguaçu não encontrei.  Depois da troca e do temporal que arrancou árvores em Maringá, pegamos as motos e fomos em direção a São Paulo.  Resultado: dormimos em São José dos Campos (São Paulo). Estávamos a 610 km de casa, pegamos uma estrada tranqüila até o Rio de Janeiro. Chegando lá, que trânsito!  Era o início de um feriadão para os cariocas, putz.  Achamos bons corredores entre os carros e enrolamos o cabo. 
Nos últimos quilômetros, um filme ia passando em nossas mentes.  Que viagem! Quase 30 dias de prazer em cima de duas rodas.  Boas risadas, bons companheiros, novas amizades e uma vontade de fazer tudo de novo. Então, chegamos com todo cuidado do mundo, afinal, não poderíamos acabar mal.
Na casa do Sérgio, nossas esposas nos aguardavam com toda saudade e satisfação pelo nosso feito.  Comemos uma bela feijoada e bebemos aquela cerveja gelada brindando o final de uma excelente aventura! Ou será que brindamos o início da próxima?”


Autoria e fotos:

Carlos Eduardo Caldas

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Como foi a "Expedição 6 fronteiras" - Parte 1

Dia 17 de Janeiro de 2014 foi concluída a Expedição Seis Fronteiras. Dela participaram quatro membros do MOTO CLUB DE CAMPOS: Sérgio Côrtes (BMW 1200 GS), Carlos Eduardo Caldas (Fazer 600), José Amaro Cardozo (TDM 900) e Osmar “Gaúcho” Harter (Honda Varadero). Boa parte deles já teve aqui, em nosso Blog, registrados outras aventuras:
Sérgio Côrtes:
                     Travessia das Três Américas.  
Sérgio Côrtes, Carlos Eduardo Caldas e José Amaro Cardozo.
                     Sobre duas rodas até o fim do mundo.
Aproveitando o talento do Dudu (Carlos Eduardo), pedimos que fizesse para nós o registro desta linda viagem. Como temos muito que contar vamos dividir a aventura em duas partes: De Campos a Lima (Peru) e de Lima até Campos. Vamos a primeira narrativa:

"Eu (Eduardo Caldas) mal tinha acabado a viagem do fim do mundo (Ushuaia), e já tinha a certeza do próximo destino: Machu Picchu, no Peru.  Pois bem, foi um piscar de olhos, 2013 passou muito rápido e já era hora de bater o martelo! Acertar os detalhes, definir datas, e pesquisar sobre o clima em Machu Picchu, pois é quando se inicia o período de chuvas.
Para nossa surpresa, perdemos, por desistência, dois parceiros de viagem: Otávio Côrtes e Marcos Pires. Dessa forma, tínhamos como certo para essa viagem a participação do Sérgio Côrtes, José Amaro e eu. Mas, eis que surge outra grande adesão para viagem, o nosso amigo Osmar “Gaúcho”, que timidamente perguntou se poderia fazer parte do grupo. Revelou-se um grande companheiro de estrada, de viagem, grande pessoa que só agregou valores a essa maravilhosa viagem.
De livre e espontânea pressão tive que assumir a ponteira do grupo, já que estou acostumado a viajar sozinho ou na “cozinha” quando estou em grupo, logo pensei: “ vai ser difícil".  Mas o grupo foi tão homogêneo que ficar na ponteira não foi problema algum.  E lá estávamos, com nossas motos equipadas, pneus de reserva e na bagagem, expectativa, dúvidas, medos e uma vontade imensa de ligar a moto e acelerar.


Início da viagem 20 de Dezembro de 2013.
O primeiro trecho foi travado, estrada ruim, a moto parecia que ainda estava aquecendo. Perto de Miracema, gaúcho com seu “para-choque” deu um jeito de arrancar o alforje que Zé tinha acabado de reformar para viagem.  Foi o que precisávamos!
A viagem tinha começado, as motos estavam aquecidas, nossos corpos conectados como no filme do Avatar. Tínhamos alguns compromissos com o calendário, e um deles era encontrar as esposas (Gisele, Vera Cortes e Barbara Carvalho) em Rio Branco no dia 24 para passarmos o Natal juntos e depois elas embarcariam nas motos até Machu Picchu. Dessa forma dormimos a primeira noite em Araxá – MG, a segunda noite em Jaciara – MT, depois Vilhena em Rondônia, e no dia 23 estávamos em Porto Velho.
             Em Porto Velho paramos para trocar os pneus das motos, menos a de Gaúcho, que colocou pneus novos na saída.  Trocamos ainda o óleo da moto de Sérgio e a do próprio Gaúcho.  Chegamos por volta das 16 horas em uma loja grande onde os funcionários estavam com aquela vontade de trabalhar.  Não teve jeito, botamos a mão na massa e resolvemos adiantar o serviço tirando a roda para que eles só fizessem a troca de pneu. No final ficou tudo bem, ou quase, pois na hora de sair da loja, a moto (zero) de um cliente que estava estacionada na porta da oficina caiu. Quem foi?! Mistério! Pagamos um guidão novo e ficou tudo bem, ou quase, pois Gaúcho resolveu “comprar um terreno” logo na frente da loja.
Dia 24 de dezembro, pegamos as máquinas devidamente revisadas e partimos em direção a Rio Branco.  Foi quase sincronizado. As meninas chegaram ao hotel e minutos depois estávamos na portaria.  Um bom banho e umas cervejas geladas para comemorarmos a conclusão da primeira etapa da viagem.  Saímos à noite para um restaurante próximo do hotel para passarmos o Natal e no dia seguinte, estrada. Agora na companhia das mulheres. Em terras Peruanas a programação era dormir em Puerto Maldonado.
No caminho, encontramos em um posto de combustível o casal de brasileiros Cezar e Tânia, que estavam em uma Suzuki V Strom, e vinham de Sapezal, MT com destino a Machu Picchu.  Conversamos um pouco enquanto a chegada do Sérgio, pois sua moto tinha ficado sem combustível e assim que abastecemos, nos despedimos do casal e seguimos viagem.


Na fronteira do Brasil e Peru, encontramos novamente o casal e depois da “agilidade” dos funcionários peruanos, e mais de duas horas depois, saímos todos em direção a Puerto Maldonado.  Chegamos tarde, a noite e sem moeda local. O Zé Amaro ainda se perdeu do grupo, depois que a moto de Sérgio deu um “chilique”. Mas no final das contas encontramos com Cezar e Tânia Vidal que já tinham reservado o hotel para todos nós.  Foi o início de dias maravilhosos na companhia deste casal.
Aqui fica uma dica de viagem: troque dinheiro na aduana, ou sempre viaje com dólares.
Dia 26, acordamos, tomamos o café e saímos para sacar dinheiro local, mas era feriado e os bancos estavam fechados.  O Gaúcho foi tentar sacar um caixa eletrônico e perdeu o cartão.  Voltamos para o hotel, tentamos ligar para o banco a fim de cancelar o cartão, mas quando você precisa de um gerente... bom! Um peruano, que estava no hotel, nos indicou uma hospedagem com garagem em Cuzco.  Anotamos os dados e partimos para a estrada, detalhe, sem um sole no bolso, moeda local.
Aqui fica mais uma dica de viagem: Leve mais de um cartão de bandeira diferente.
Era estranho a presença dos tuque tuques, trânsito louco, todos buzinando... nossa! Pegamos estrada e até então o cenário não havia mudado, eis que começamos a subir em direção a Cuzco.  Nossa, e como sobe! Muito frio e gelo, afinal, estávamos cruzando as cordilheiras dos Andes.  Avistei uma placa cheia de gelo que dizia a altitude: 4.725 metros.
Estávamos cansados e com frio, até que o Cezar avistou uma cabana no meio do nada, parou, entrou e saiu pulando e gritando: “venham, entrem”! Os locais estavam preparando uma truta maravilhosa que era acompanhada de batatas e um chá de coca, para esquentar e tratar os sintomas da altitude.  Pagamos cerca de R$10,00 por pessoa.
Alimentados, pegamos estrada novamente, a noite ia caindo, viajávamos em altitude e eis que nosso amigo Gaúcho começou a se sentir mal, com tonteira e dor de cabeça.  Paramos e decidimos fazer uma troca emergencial de moto, então Zé assumiu a moto de Gaúcho, eu a de Zé, Gisele a minha e Gaúcho de garupa até Cuzco.  Lá chegando, meu GPS apelidado carinhosamente como “paraguaio” apagou.  Já era o segundo, pois o primeiro que tinha comprado para essa viagem, um Aquarius duas rodas, deu pau em Cuiabá.
Já no hotel, bebemos muito mate de coca. Sem dinheiro local, nosso amigo Cezar nos surpreende mais uma vez!  Ele tinha trocado alguns soles na aduana, e com esse dinheiro pediu uma pizza por telefone e salvou a galera.
Acordamos mareados, e depois do café saímos para reconhecimento local.  Tiramos dinheiro e contratamos um pacote de três dias para conhecermos Cuzco.  Museu, construções Incas, até que no terceiro dia: Machu Picchu!  Realmente não dá para entender como aquela cidade resiste ao tempo.  Uma construção riquíssima em engenharia.  Vale muito a pena conhecer esse lugar maravilhoso.


Nessa altura, o grupo havia crescido com a chegada de Cezar com sua esposa e todos juntos saímos em direção a Lima.  Tínhamos um hotel reservado para o dia 31, onde passaríamos nosso reveillon.  O dia começou com o pneu de Zé furando e depois de alguns reparos, pé na estrada.  Tínhamos o conhecimento de que este trecho seria duro.  São quatro subidas recheadas de curvas que ultrapassam 180º. Nossa! É muita curva, muita subida, descida e um visual que até hoje nunca vi em uma estrada.  A mais bonita de todas!  E contrariando a previsão de alguns locais, não pegamos gelo na pista.  Mas o risco existia.
No caminho de Lima, passamos pelas misteriosas linhas de Nasca, e ainda achamos que de noite alguém vai lá remarcar aquelas linhas.  Mistério!
Por volta de meia noite do Brasil, 21 horas no Peru, chegamos ao hotel.  Um grande e luxuoso hotel.  Agora imagina a cena: um bando de motociclistas de preto, com as bagagens sujas de estrada se hospedando naquele hotel.  Sem dúvida nos olharam de cima em baixo.  Depois de um bom banho, saímos para comemorarmos o ano novo. 
Dia seguinte, acordamos e pegamos uma van. Aliás, táxi em Cuzco é muito barato, já em Lima nem tanto.  Então pegamos a van em frente do hotel e fomos em direção a um shopping que fica na beira mar de Lima e no caminho já fizemos amizade com Daniel, que era o motorista da van.  Na verdade, ele era o dono de uma frota que presta serviço para o hotel que ficamos.  Que figura!  Virou nosso guia, fizemos um tour com ele. A noite fomos assistir a um espetáculo no parque das águas.  Imperdível! Na manhã seguinte Daniel nos levou para conhecermos as praias do sul de Lima, dentre elas a famosa Punta Rocas, que me fez lembrar as praias brasileiras, com barracas, porém com pouca gente.  Foi nosso primeiro banho no Pacífico.  Segundo Daniel, o povo peruano adora frango, e ele nos indicou o Pollo do Belizário.  Um lugar onde comemos o melhor frango na brasa de nossas vidas.


É hora de despedida e as esposas tinham que partir de volta para o Brasil, então Daniel as levou para o aeroporto na noite de sexta.  Despedidas, saudades e era hora de arrumar nossas malas, afinal no dia seguinte pegaríamos nossas máquinas para mais uma etapa de estrada em direção a Puno, para visitar o lago Titicaca."


Continua na próxima matéria.
Autoria e fotos:
Carlos Eduardo Caldas